Sagres Misticismo, Surf, Mar e Natureza

Fortaleza de Sagres

Sagres adquire grande importância estratégica a partir do século XV com o desenvolvimento da navegação oceânica e a ocupação portuguesa das praças norte africanas

Em 1443 o Infante D Henrique, funda a vila de Sagres com o intuito de povoar a região e oferecer uma base de apoio aos navegantes que aguardavam nas enseadas de Sagres por uma melhoria das condições – Bom vento que permitisse a navegação rumo a norte e a fuga à forte ondulação que os conduzia contras falésias do Cabo

Igreja Nossa Senhora do Mar

No interior da fortaleza, sobre as ruinas da Capela de Santa Maria mandada erguer pelo Infante D. Henrique, encontra a Igreja de Nossa Senhora da Graça. No seu altar a imagem de S. Vicente a segurar uma embarcação.

Rosa dos Ventos

Delimitado no chão uma rosa dos ventos com cerca de 43 m de diâmetro

Antigo Armazém de Munições

A Voz do Mar

As fendas abertas no solo pela erosão da mar, em dias de mar agitado, produzem sons profundos e viscerais. Quem sabe se não de possíveis monstros que aqui ainda habitam?

A instalação denominada a “ Voz do Mar” por Pancho Guedes foi erguida sobre uma das fendas existentes na rocha do promontório.

Circuito Panoramico

A contornar a Ponta de Sagres existe um caminho sobre as falésias que proporciona vistas deslumbrantes

Vicente de Saragoça, ou São Vicente de Fora, foi um diácono mártir da Igreja Cristã, perseguido por Diocleciano, Imperador Romano da Iberia por se negar a adorar o deuses pagões. Foi morto em 304 em Valência (Espanha).

Ali ficou sepultado até 779 quando, na sequência ao cerco à cidade de Valência, por forças Muçulmanas, o seu corpo foi colocado à deriva num barco, dando à costa no Cabo que viria a ter o seu nome.

Aqui foi construída uma Capela para guardar as relíquias, a qual se tornou um dos principais locais de peregrinação e devoção cristão da Península Ibérica Islâmica, particularmente moçárabes – cristãos que viviam sob o dominio muçulmano
Com a conquista de Lisboa em 1147 D Afonso Henriques procura cristanizar simbolicamente e definitivamente a nova capital do reino com a trasladação de S Vicente, um santo de grande prestígio entre os cristãos da Península, do seu túmulo no sul islamico para o norte cristão. Para tal, em 1173 o 1.º Rei de Portugal, D. Afonso Henriques mandou levar grande parte dos restos mortais de São Vicente para Lisboa, permanecendo em Sagres apenas algumas relíquias.

Em Lisboa, D. Afonso Henriques ergueu uma igreja em honra do santo – Igreja S. Vicente de Fora, no local em que assentou as suas tropas durante o cerco de Lisboa aos mouros

Conta a história que a nau que trazia as ossadas de S. Vicente, fez-se acompanhar por dois corvos, uma imagem que ficou para sempre associada ao símbolo da cidade.

No Cabo de S. Vicente, foi fundado em 1516, o Convento de S. Vicente do Cabo, de religiosos Franciscanos, que até 1834 acenderam fogueiras para orientação dos navios.

No ano 1846 após a extinção das Ordens Religiosas, no local do convento foi construído um Farol.

Por do Sol

Por misticismo do local ou apenas para ver um belo pôr de sol, muitos se aglomeram sobre os rochedos para assistir ao fim do dia. Será que conhecem os relatos dos autores clássicos (séc. IV a.C.), sobre as cerimónias religiosas envolvendo libações e a proibição da presença de seres humanos durante a noite, visto ser um local frequentado por deuses?

Forte de Beliche

A necessidade de proteger as populações de frequentes ataques de piratas levou à forte fortificação da costa. Somando-se aos principais fortes de Sagres e S. Vicente, a Torre de Aspa, Burgau, Boca do Rio, Figueira, Zavial, Baleira e Beliche

Francis Drake em 1587, quando Portugal estava sob o domínio espanhol de Filipe II, no âmbito da sua campanha de pirataria, atacou e destruiu parte da Vila do Infante

No Porto da Baleeira assim chamado por em tempos se ter dedicado à pesca da baleia, é possível assistir à movimentação dos barcos tradicionais, a azáfama dos pescadores enquanto descarregam a carga ou remendam as redes

A Praia da Cordoama é um extenso areal a perder de vista que se funde na Praia da Barriga com acesso por entre falésias.

Rodeada de arribas, umas que chegam aos 100m, é uma praia procurada por surfistas

Acesso por estrada alcatroada. Possui apoio de praia.

Caracterizada por um areal envolvido por grandes formações rochosas. Na maré baixa liga com a Praia da Cordoama. Muito procurada por surfistas mas também um local popular para pescar. No lado nordeste, entre as rochas, forma pequenas piscinas repleta de vida marinha para os mais novos explorarem.

Tem apoio de praia e acesso alcatroado

O seu nome deve-se às formações rochosas encarnadas que entram pelo mar. Uma praia muito procurada por surfistas mas que o seu difícil acesso faz com que seja pouco frequentada.

Um local ainda selvagem onde é comum verem-se aves de rapina. Não possui apoio de praia

Uma delicia de praia. Escavada entre rochedos é abrigada dos ventos frios do norte e do oeste.

Do lado oeste é utilizada por nudistas. Possui apoio de praia

Uma praia com vista para o Cabo de S. Vicente procurada por surfistas e bastante frequentada dada a sua proximidade a Sagres e dos seus acessos serem bons. Possui apoia de praia

Perto da zona urbana de Sagres faz com que ela seja uma das praias mais concorridas embora os seus 700m de areal permita dispersar um pouco a multidão. Situada numa baia rodeada de altos  penhascos, oferece proteção nos dias mais ventosos.

Conhecida por ser um bom local para realizar mergulhos nas inúmeras grutas submersas da sua enseada

Uma praia muito procurada pelo amantes do windsurf pelas suas aguas tranquilas e vento limpo.

As suas icónicas ilhotas de calcário, enseadas rochosas e cavernas submersas convidam ao mergulho.

Foi um importante centro oleiro romano, com três fornos para a produção de ânforas. Nos ilhéus em frente à praia existe vestígios de tanques para a salga do peixe

Praia da Ingrina – Uma pequena praia com varias formações rochosas submersas que a torna particularmente interessante para os amantes de mergulho

Uma praia atrativa pela sua beleza natural: escarpas, vegetação e aguas cristalinas. Procurada por nudistas

Desça o vale ao longo de um caminho de terra batida até a um riacho, quase sempre seco, que desagua na para a Praia das Furnas. Uma praia selvagem, com 180m de areal, pouca gente o que faz dela uma praia não oficial para nudistas.

Denominada Praia das Furnas pela a existência de grutas (furnas) escavadas nas escarpas que a rodeiam. Não existem apoios de praia

Integrada na pitoresca vila piscatória de Salema. Os barcos coloridos aguardam na praia pela hora de irem para o mar. Com um extenso areal para caminhar fique atento às pegadas de dinossauro patentes nos rochedos no extremo de cada lado da praia Têm mais que 150 milhões de anos e pertencem a um Ornitópode.

Outra curiosidade que esta praia oferece é um barco naufragado em 1759, de nome L’Ocean, que agora se transformou num ponto de mergulho.

Em Salema encontrará também as ruínas de uma vila romana e uma fábrica de conservas de peixe.

Uma praia urbana mas sem por isso ter menos charme.

A proteção da sua enseada permite a entrada das embarcações que voltam com a faina do mar para depois abastecer os restaurantes locais.

Possui apoio de praia.

O Infante D. Henrique (1394-1460) era o terceiro filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, de cognome O Navegador. Profundamente religioso e grande impulsionador da guerra contra os muçulmanos.

A sua atitude e perseverança refletiram-se na descoberta (1419) e colonização (1425) da Madeira, dobrar do cabo Bojador (1434), descoberta (1427) e colonização (1439) dos Açores, e chegada ao cabo Branco (1441), ilha de Arguim (1443), rio Senegal (1444), ilhas de Cabo Verde (1456) e Serra Leoa (1460).

Quando D Henriques se mudou para a sua “vila de Terçanabal” – assim chamada por referência ao retiro dos mais abastados, durante e Época Romana – Sagres era considerada um local pouco agradável, solitário e deserto, muito longe de qualquer povoação. Aqui instalou o seu núcleo de “Gente Sábia” que iria levar Portugal ao mundo.

Sua  divisa, Talant de Bien faire – Vontade de Bem Fazer continua patente no brasão da Marinha Portuguesa

Aqui faleceu a 13 de Novembro de 1460

O Rei D. Sebastião (1554-1578) na sua ávida disputa contra os mouros, as suas passagens por Sagres foram frequentes. Construiu o seu paço e preocupou-se com a defesa de toda a faixa costeira.

Neto de D. João III o seu nascimento foi muito celebrado por se temer um problema da sucessão da coroa portuguesa. Religioso e militar zeloso empenhou-se na preparação de um exército e em ganhar prestígio militar.

Morreu no Norte de África, na batalha de Alcácer Quibir, sem deixar descendência, abrindo caminho para a entrega da coroa portuguesa aos Filipes de Espanha

Nasceu à sua volta o mito do Sebastianismo- a esperança de que regressaria um dia, num dia de nevoeiro, para salvar Portugal de todos os seus problemas

Rei D. Carlos (1863-1908) Passou por Sagres durante as suas campanhas oceanográficas

Filho de Rainha D. Maria Pia e D. Luís foi o penúltimo Rei de Portugal. Naturalista inato, revelou desde cedo uma profunda inclinação para assuntos relacionados com o mar. Fora educado para ser Rei, revelando aptidão para as artes e para o desporto, sendo sempre muito dado à observação da natureza em especial na área de ornitologia e oceanografia

A gastronomia local é o resultado da combinação dos sabores da terra e do Mar. Entre a variedade de pratos destacamos o peixe grelhado, a cataplana de mexilhão ou de peixe, o arroz de safio, arroz de polvo, feijoada de choco, as papas de Xarém, as lapas com figos torrados e as papas de mexilhão.

A Vila do Bispo é denominada a Capital dos Perceves, um marisco que apenas se encontra em determinados pontos da costa Atlântica e que na costa Ocidental reserva um sabor ímpar

Em relação a carnes, sendo vila do Bispo um local de caça surgem os pratos confeccionados com lebre, perdiz, coelho bravo e javali.

Na doçaria as amêndoas e figos constituem a base de muitos doces como o morgado de figo e o queijo de figo

22 de Janeiro – Dia de S Vicente, Santo Padroeiro de Sagres. Outrora, o chão das ruas era coberto com rosmaninho e alecrim e as melhores colchas decoravam as varandas

2 de Fevereiro – Nossa Senhora da Candeia. Celebra-se na Ermida da Nossa Sra de Guadalupe. Com uma procissão de velas em redor do templo em que a crença popular dizia que se as velas entrassem na igreja acesas teriam um bom ano de ervilha quadrada.

15 de Agosto – Nossa Sra. da Graça. Anualmente os pescadores participam numa procissão marítima, engalanado as suas embarcações que assim partem do Porto da Baleeira acompanhando as embarcações que transportam as imagens de Nossa Sra. da Graça e de S. Vicente. Em alto mar, depois de uma recitação pelo pároco, é lançado uma coroa de flores em memória dos pescadores falecidos. De regresso ao Porto da Baleeira é feito uma missa campal seguida de uma procissão terrestre até à igreja da Vila de Sagres.

8 de Dezembro – Nossa Sra. da Conceição. Uma procissão que passa pelas principais ruas da localidade.